segunda-feira, 6 de julho de 2015

AS SIMPLES EVIDÊNCIAS DA TRAGÉDIA GREGA



Esclarecimento:
Entendemos por “simples evidências” as questões que pensamos serem de compreensão razoavelmente consensual entre diferentes “analistas opinadores” da questão grega.

Primeira evidência:
Até 25 de Fevereiro de 2015, data da eleição do Syriza. Os dirigentes da União Europeia entregaram aos diferentes Governos eleitos pela Grécia, Governos ditos socialistas ou aparentados (mas na sua prática política, fieis defensores de políticas favoráveis ás poderosas e incontroladas oligarquias financeiras e capitalistas do país) a totalidade do dinheiro que gerou a monstruosa dívida que deu origem à aplicação das medidas de austeridade que incitaram o povo grego a votar no Syriza na esperança de que um partido de esquerda pudesse estancar a hemorragia da corrupção interna e (pelo menos) conseguisse suavizar a dura austeridade, convencendo os prestamistas da Europa da impossibilidade de pagar nos prazos e condições exigidas, sem afectar gravemente a própria capacidade do País para poder ir gerando riqueza para pagar dívidas.

Segunda evidência:
Face à eleição de um governo anti-capitalista, os prestamistas da UE julgando estar a defender os seus interesses…disseram; – alto lá, não se pode permitir que estes “jovens inexperientes de esquerda” logrem o menor sucesso para os seus intentos, se isso acontecer, todos os actuais e próximos governos dos estados membros da união que nos apoiam, ficam em dificuldades perante as oposições de esquerda. Por outro lado… nós os que vivemos de emprestar, não podemos correr o risco de ficar sem clientes, que é o que acontecerá se permitirmos que nos paguem “quando puderem” sem precisar de voltar a pedir emprestado!
Quem paga, tem que necessitar voltar a pedir, se não lá se vai o negócio!

Terceira evidência:
Os povos da Europa, a começar pelo Grego e as esquerdas europeias, ainda não compreenderam a verdadeira natureza dos sentimentos e maneiras de ser dos capitalistas e do capitalismo, admitindo incoerentemente que estes “também são humanos”e, portanto, susceptíveis de uma “boa acção”!

Quarta evidência:
Lograr que a tragédia grega possa - ser mais um passo para o lento esclarecimento da desumana coerência do capitalismo como doutrina social para a Paz e harmoniosa governação da Humanidade -, é o melhor dos resultados a esperar de cada acção.
PARA a esquerda solidária e anti-capitalista, o importante é dispor de oportunidades para lutar e demonstrar ao Mundo, quem são e como agem infalivelmente os acumuladores de capital, os defensores do Capitalismo.

A nossa solidariedade é com as lutas, sem dependências dos resultados. Sem dependências das hipotéticas boas vontades dos capitalistas.
Não podemos depender de tácticos resultados circunstanciais, porque dependemos, queiramos ou não, do avanço da compreensão dos povos, sobre as razões dos capitalistas para serem nossos inimigos.
Só compreendendo-os como realmente são, será possível vencê-los democraticamente.  

Camilo Mortágua

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