As modas agrícolas.
Vamos sempre atrás,
apanhando os restos
dos grandes ciclos.
Desde os anos 50 do século passado, o Estado da Califórnia
com uma área agrícola superior à Portuguesa, construiu e implantou talvez o maior
e mais importante centro
Mundial Produtor de frutas frescas e frutos secos .
O Governo Nacional e Estadual, ao mesmo tempo que se
empenhava na divulgação e promoção da marca “Califórnia”, apoiava a produção,
assistindo financeira e cientificamente os produtores, criando – lhes condições de atractividade, rendimento, e
apoios para a comercialização nacional e
exportações protegidas e estáveis.
Atingidas as escalas
de produção e rentabilidades suficientes
para usufruir de influência decisiva a nível do mercado mundial,
dedicaram-se a promover o consumo mundial dos seus produtos e manter e proteger
o crescimento contínuo da sua produção.
Esta estratégia, aparentemente sem nada de original, teve nos
níveis e intensidade dos meios de suporte e ajuda, sobretudo a nível das
políticas públicas, o seu principal trunfo.- Uma convergência global de todas
as energias do território, suas populações e governos.
Os investimentos públicos dos anos 30/50 do século passado,
investimentos colossais
para resolver o problema da água na Califórnia , colossais,
mesmo para uma América pujante de juventude e ambição, foram a base para a
construção da economia da Califórnia de nossos dias.
(enquanto os grandes aquedutos
para transportar a água ao longo de mais de mil quilómetros do norte para o sul
, eram obras universais de primeira grandeza e tecnologia; concebidos ,
decididos e realizados sem hesitações durante três décadas,
Não podemos deixar de pensar,
todas as diferenças de escala ponderadas, nesses 30 ou 40 anos que entre nós
foram necessários para chegar da concepção á construção do Alqueva. Eis, nua e
breve, a
Realidade das coisas!
Enfim…como parece não haver - “bela
sem senão” e, como diz a razão, tudo
tem o seu fim – a ambição humana foi afastando os limites de crescimento
(mal dos tempos)
e acabou por esbarrar na falta de
água para dar vida a tanta produção.
Seguiram as querelas e disputas,
as chamadas guerras da água entre citadinos e rurais: Los Angeles e os
produtores agrícolas, parece que ainda não acabaram, o que obriga os
dinâmicos produtores
californianos e o próprio estado a procurar alternativas, alternativas que
surgem (embora em pequena escala face á dimensão do problema) como por acaso,
durante a visita de agricultores alentejanos à Califórnia-visita organizada por
gente insuspeita de defender interesses não evidenciados. Nomeadamente:
Magos Irrigation Systemes ,
Consultores para a agricultura CONSULAI, EDIA, CCDR-ALENTEJO, ADRA-Agència de
Desenvolvimento Regional do Alentejo)
.
E…depois de termos plantado, semeado, arrancado e replantado
tantas oliveiras e outras espécies promissoras de futuros rentáveis, cÁ estamos
nós a iniciar mais um ciclo, o ciclo da amendoeira…mas desta vez é que é!
Segundo se diz, já temos plantados cerca de 12. mil hectares
de amendoeiras, mais ou menos 7000 só na zona do Alqueva. E ,cada dia que passa, a ansiada e
futura dominante do belo espectáculo das amendoeiras em flor (será que estas
dão flor) já nos enche de regozijo! Já não será só o Algarve, também teremos o
Alentejo em flor.!
Povo solidário, mal a água se juntou, demos provas concretas
dessa solidariedade , disponibilizando - a necessária para evitar que os
produtores californianos tenham que reduzir 30 a 40% das suas produções o
que seria causa dum surto de desemprego.
Por outro lado, ao que parece, atingidas as 300 mil
toneladas de produção, parece que o consumo das amêndoas entra num patamar de
estabilização, correspondente á produção californiana.
Enfim, como nos Imensos olivais intensivos, lá iremos nós
roer os ossos da carne que outros, por chegarem primeiro e terem gente
competente a dirigir, nos vão atirando pelo caminho.
O azeite, a cortiça, o vinho e complementos, que podemos ir
criando e defendendo, hão de resistir, até serem para outros.Mesmo que nos esqueçamos deles.
Setembro 2019