sábado, 28 de setembro de 2019






As modas agrícolas.

Vamos sempre atrás,
 apanhando os restos dos grandes ciclos.

Desde os anos 50 do século passado, o Estado da Califórnia com uma área agrícola superior à Portuguesa, construiu e implantou  talvez o maior e mais importante centro
Mundial Produtor de frutas frescas e frutos secos .
O Governo Nacional e Estadual, ao mesmo tempo que se empenhava na divulgação e promoção da marca “Califórnia”, apoiava a produção, assistindo financeira e cientificamente os produtores, criando – lhes  condições de atractividade, rendimento, e apoios para a comercialização  nacional e exportações protegidas e estáveis.
Atingidas as  escalas de produção e rentabilidades suficientes  para usufruir de influência decisiva a nível do mercado mundial, dedicaram-se a promover o consumo mundial dos seus produtos e manter e proteger o crescimento contínuo da sua produção.

Esta estratégia, aparentemente sem nada de original, teve nos níveis e intensidade dos meios de suporte e ajuda, sobretudo a nível das políticas públicas, o seu principal trunfo.- Uma convergência global de todas as energias do território, suas populações e governos.
Os investimentos públicos dos anos 30/50 do século passado, investimentos colossais
para resolver o problema da água na Califórnia , colossais, mesmo para uma América pujante de juventude e ambição, foram a base para a construção da economia da Califórnia de nossos dias.
(enquanto os grandes aquedutos para transportar a água ao longo de mais de mil quilómetros do norte para o sul , eram obras universais de primeira grandeza e tecnologia; concebidos , decididos e realizados sem hesitações durante três décadas,
Não podemos deixar de pensar, todas as diferenças de escala ponderadas, nesses 30 ou 40 anos que entre nós foram necessários para chegar da concepção á construção do Alqueva. Eis, nua e breve, a
Realidade das coisas!
Enfim…como parece não haver  - “bela sem senão”   e, como diz a razão, tudo tem o seu fim – a ambição humana foi afastando os limites de crescimento (mal dos tempos)
e acabou por esbarrar na falta de água para dar vida a tanta produção.
Seguiram as querelas e disputas, as chamadas guerras da água entre citadinos e rurais: Los Angeles e os produtores agrícolas, parece que ainda não acabaram, o que obriga os
dinâmicos produtores californianos e o próprio estado a procurar alternativas, alternativas que surgem (embora em pequena escala face á dimensão do problema) como por acaso, durante a visita de agricultores alentejanos à Califórnia-visita organizada por gente insuspeita de defender interesses não evidenciados. Nomeadamente:
Magos Irrigation Systemes , Consultores para a agricultura CONSULAI, EDIA, CCDR-ALENTEJO, ADRA-Agència de Desenvolvimento Regional do Alentejo)

.



E…depois de termos plantado, semeado, arrancado e replantado tantas oliveiras e outras espécies promissoras de futuros rentáveis, cÁ estamos nós a iniciar mais um ciclo, o ciclo da amendoeira…mas desta vez é que é!
Segundo se diz, já temos plantados cerca de 12. mil hectares de amendoeiras, mais ou menos 7000 só na zona do  Alqueva. E ,cada dia que passa, a ansiada e futura dominante do belo espectáculo das amendoeiras em flor (será que estas dão flor) já nos enche de regozijo! Já não será só o Algarve, também teremos o Alentejo em flor.!
Povo solidário, mal a água se juntou, demos provas concretas dessa solidariedade , disponibilizando - a necessária para evitar que os produtores californianos tenham que reduzir 30 a 40% das suas produções o que seria causa dum surto de desemprego.
Por outro lado, ao que parece, atingidas as 300 mil toneladas de produção, parece que o consumo das amêndoas entra num patamar de estabilização, correspondente á produção californiana.
Enfim, como nos Imensos olivais intensivos, lá iremos nós roer os ossos da carne que outros, por chegarem primeiro e terem gente competente a dirigir, nos vão atirando pelo caminho.
O azeite, a cortiça, o vinho e complementos, que podemos ir criando e defendendo, hão de resistir, até serem para outros.Mesmo que nos esqueçamos deles.







Camilo Mortágua
Setembro 2019

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